É a tua vez de ler, Sara!

É a tua vez de ler, Sara!

São oito horas da manhã. O sol queima e o ar seco enche-se do cheiro das ervas aromáticas. A estrada poeirenta que conduz à vila estende-se ao longe, direita como uma recta.

Sara conhece bem esta estrada, porque a percorre todos os dias para ir à escola. A caminhada longa não a perturba, porque é uma menina sonhadora e tem perninhas fortes. A escola é que a cansa.

Quando, na sala de aula, o Professor Adónis diz: “Peguem nos livros de leitura, meninos!”, Sara sente-se mal. As suas mãos tremem e a voz não sai. Sara detesta ler em voz alta. As palavras são muitas e correm à desfilada, umas atrás das outras, linha após linha, página após página. Até chegam a enrolar-se-lhe na língua. A menina hesita constantemente e tropeça em todas elas. Quando é a sua vez de ler, toda a turma se ri.

— Não tenhas pressa, Sara! — diz o professor, com gentileza.

— Não tenhas pressa, Sara! — troçam Carla e Carmen, no fim das aulas.

— Não tenhas pressa! — entoam os mais pequenos em coro.

 

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