Comprar, comprar, comprar

Comprar, comprar, comprar

Ruben era um rapaz que passava a vida no centro comercial. Só comprava roupas de marca. Só comia na pizzaria ou no McDonald's. Só via o mundo pelo cinema. Só subia escadas rolantes. Só falava com os amigos nos corredores apinhados de gente. Só sabia que era Primavera quando das montras retiravam os casacos e vestiam os manequins com roupas

leves, coloridas.

Quando chegava o seu dia de anos era sempre um problema escolher entre os milhares de objectos expostos no centro comercial.

— Que prenda gostavas de receber? — perguntaram-lhe os pais quando faltava uma semana para essa data maravilhosa, 29 de Junho.

Ele não se atrapalhou.

— Ah, quero tantas coisas... jogos para a minha consola, uns ténis Nike, um blusão Adidas, um filme fantástico em DVD, uma televisão panorâmica, uma agenda electrónica, um telemóvel com máquina fotográfica, um gel verde para os cabelos, uma esferográfica com cheiro a Coca-Cola, uma mochila transparente, umas meias com monstros extraterrestres, um brinco para a orelha esquerda, uma tatuagem de uma águia, umas calças pretas com vinte bolsos, cadernos novos com retratos dos craques do futebol, uma caixa de chocolates com recheio de ginja, uns boxers com as sete cores do arco-íris, um porta-chaves com lanterna, uns

óculos escuros de marca, um...

ler...