Um gato chamado «Natal»

Um gato chamado «Natal»

 Alan abriu a porta das traseiras na manhã de Natal e viu o pátio coberto com um belo manto de neve branca e cintilante. Mas não lhe encontrou qualquer beleza.

Alan sentia-se infeliz, como acontecia muitas vezes, porque não recebera o que queria no Natal. Em vez da arma BB que pedira, recebera uma bicicleta nova. Era uma bicicleta vermelha, reluzente, com rodas cromadas e borlas azuis e brancas, presas no guiador. A maioria das crianças teria ficado contente se a encontrasse ao lado da árvore na manhã de Natal, mas Alan não.

«És muito novo para teres uma arma», explicara a mãe, tentando consolá-lo. Mas não resultara. Ficara amuado toda a manhã. Quando Alan estava triste, queria que todos também estivessem tristes.

Por fim, depois de abertos todos os presentes, o pai pedira-lhe que levasse as caixas e o papel de embrulho para o lixo. Quando Alan atirou os papéis para dentro do contentor, um gatinho trémulo espreitou por detrás da vedação e saudou-o com um tímido «miau».

— Xô! — disse Alan, num tom sibilante, ao gatinho, que ignorou a ordem e correu ansiosamente para o rapaz. — Seu vadio! Se tivesse uma arma, dava-te um tiro.

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