João Ar-Puro no País do Fumo

João Ar-Puro no País do Fumo

João Ar-Puro era o melhor amigo das águas, dos pássaros, dos peixes e das árvores de fruto. Era amigo dos camponeses e dos animais domésticos. Todos gostavam dele por ser alegre, trabalhador e saudável.

Tinha ombros largos, bochechas rosadas e mãos grandes, generosas, sempre prontas a ajudar quem estivesse triste, desamparado ou aflito.

João Ar-Puro era filho da Brisa do Mar e do Vento do Norte. Com eles aprendera a respirar fundo o ar fresco que vem dos campos, cheirando a hortelã e a rosmaninho, a encher o peito com a aragem fria do mar, que sabe a sal, a maresia e a sonhos de viagens.

Havia rapazes e raparigas da sua idade que, escondidos atrás das cortinas baças das janelas, se riam dele por andar sempre a correr e a saltar, por colher fruta nos pomares, por acompanhar com os olhos o voo livre dos pássaros, a rota das estrelas e dos cometas. Chamavam-lhe sonhador, como se isso fosse um defeito ou uma doença incurável. Mas ele não se importava. E, quanto mais eles se riam, mais ele se sentia bem com a vida que levava, entre a água e o vento, entre o sol e a terra semeada.

João Ar-Puro nascera no País da Primavera, na Aldeia das Águas Azuis. Às cavalitas do pai ou ao colo da mãe conheceu terras distantes, outros povos e continentes, aprendeu os nomes das flores, das montanhas, dos rios e das cidades. Em todos os lugares por onde passou deixou amigos, como se semeasse plantas que duram a vida inteira.

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