A madrinha Isabel

A madrinha Isabel

— Hoje é dia de ir a casa da madrinha!

Para a Catarina esta frase de aviso queria dizer:

«Prepara-te que hoje é dia de te aborreceres a aturar as caturrices da madrinha Isabel!»

— Não há direito! A Leonor tem uma madrinha que lhe dá prendas; o Artur tem uma madrinha que o leva a passear de carro. Para mim ficou a pouca sorte de ter a madrinha Isabel, que só dá ralhetes e sabonetes para lavar as mãos. É só ouvi-la: «Menina, toma lá o sabonete e lava essas mãos que parecem as de um carvoeiro.»

Mesmo irritada, a Catarina imitava na perfeição a voz da madrinha e provocava as gargalhadas dos irmãos.

— Claro, vocês riem porque não têm esta madrinha. Pouca sorte a minha. Olhem que foi azar!

Os irmãos concordaram, mas que podiam eles fazer? As madrinhas não se trocam como berlindes ou cromos de futebolistas. E até que eles nem estariam interessados. Uma madrinha Isabel não teria procura no mercado de trocas.

— Catarina, despacha-te! Olha que já são horas de ires andando para casa da madrinha.

A mãe dizia aquilo com a maior das calmas, como se não estivesse a mandar a sua própria filha para uma tarde inteira de mortificação e suplício, de condenação sem julgamento. Não era justo! Mas não havia fuga possível: aquelas tardes com a madrinha nem tinham discussão. Era assim... e pronto. Lá foi a Catarina, de cabeça baixa e um ramito de flores, mensagem de paz que a mãe lhe metera nas mãos.

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